Celeste Vidal: uma mulher além do seu tempo
Celeste Vidal: uma mulher além do seu tempo
Dulce Lima
Teu pensamento voava sem fronteiras, enquanto murmuravam impropérios os que não te entendiam.
A vida queimava a ferro e fogo aqueles que com bravura atropelavam o calendário dos poderosos. Mas tu, amiga, guerrilheira de muitos sonhos, nem vias que o ácido do tempo poderia corroer a melhor das intenções, até mesmo entre os companheiros de ideal.
Pássaro ternura, mulher criança não foi em vão o sol riscado que aparecia sobre as grades de uma prisão; nem teu grito sufocado pela tirania dos torturadores; nem tua vida em holocausto à procura de uma nesga de luz no fim do túnel.
Nada foi em vão.
Eras, enfim, UMA MULHER ALÉM DO TEMPO.
Se o teu sonho de liberdade não coube no tempo, o teu amor ... Ah! o teu amor coube inteirinho em tua vida quando disseste:
Eu te amo assim
E esse amor é do tamanho da Terra
Que eu laço
Num abraço
Que ela nem sente.
Eu te imagino na eternidade, sem limites de tempo e de espaço, colando estrelas num céu de desejos ... Quem sabe? ..
Escrevendo textos como estes que só uma poeta guerreira saberia nos dizer:
A LIBERDADE não é no singular,
É soma de tudo e de todos,
É plural a começar assim
Por mim, por ti, por nós.
E assim te vejo forte, valente, terna, confiante e ousada quando leio o teu livro Metade Sol, Metade Sombra: “Não há morte! Sou matéria, me transformo, me reciclo”.
Deixa agora, amiga, que teu sonho de justiça e de liberdade resgate as nossas esperanças por um país mais solidário e feliz. Uma Pátria sem mentiras, sem corrupção.
Deixa que o teu coração de menestrel seja a luz de todos os poetas na amplidão celestial do verso que se faz Poesia!
Fonte: livro Sertão, de Dulce Lima, 2015, Pernambuco
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