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Zodja Pereira

Zodja entre os dois filhos, Hiram e Hermes.

MCP

Os espetáculos do MCP eram montados em praças públicas, favelas, escolas, seguindo o velho lema “o teatro vai onde estiver o publico”. O resgate do folclore nordestino, suas músicas, cordéis era também uma das muitas metas desse grupo. Papai tinha um grande orgulho desse projeto, sendo um pacifista por excelência, costumava dizer que a única revolução possível, era através da cultura e só um povo culto saberia escolher seus governantes...


 

Lembro, com emoção, de um espetáculo que fizemos (1963) no aristocrático teatro Santa Isabel para famílias ligadas ao movimento das Ligas Camponesas, o teatro superlotado por pessoas que jamais entrariam em espaço igual, emocionados como crianças  numa loja de brinquedos, lagrimas nos olhos, sorrisos nos lábios... E a sociedade pernambucana escrevia nos jornais, chocada com aquele sacrilégio, o recinto sagrado do teatro municipal onde só se freqüentava de paletó e gravata, aberto a plebe... A peça era “MUTIRÃO OU JULGAMENTO EM NOVO SOL” uma criação  coletiva de Augusto Boal, Nelson Xavier, entre outros. De modo geral, todos os figurinos, cenários  e material de cena eram feitos nos departamentos do MCP e muitas vezes, pelos atores. Para a peça dirigida por Nelson Xavier fizemos, em madeira, utilizando até cabos de vassouras.

Secretário

Em 1955, Pelópidas Silveira foi eleito prefeito da cidade do Recife e papai foi nomeado diretor de administração da prefeitura. Durante essa gestão papai fez o enquadramento da Orquestra Sinfônica no quadro de funcionários municipais. Para isso valeu-se dos conhecimentos de musicista de mamãe e passou noites em claro estudando cada instrumento, no contexto funcional da orquestra. A Orquestra Sinfônica de Recife foi a  primeira do Brasil a receber esse benefício.
Em 1959, Miguel Arraes foi eleito prefeito de Recife e Paulo Cavalcanti, nomeado diretor de administração, precisou se afastar e, papai, em 14 de maio de 1960  foi reconduzido ao cargo.

Nessa gestão, os músicos da OSR  sabedores da integridade e ética com que papai sempre pautou sua vida e, que ele vivia absolutamente do seu salário da prefeitura na qual entrava às 8h da manhã e, muitas vezes saía às 22h e sua  família não tinha nenhum outro modo de sobrevida nem bens, solicitaram do prefeito a nomeação da mamãe no cargo de musicotecária da orquestra sinfônica. Arraes concordou, mas todos sabiam que ele, papai, não  permitiria essa nomeação que teria, obrigatoriamente, de ser assinada  também por ele. Então resolveram driblar a vigilância de papai e montaram um grande esquema de forma que ele assinasse sem perceber... Ledo engano, apesar de a secretária colocar o papel em meio a outros de somenos importância e por na mesa para que fossem assinados no final do expediente dizendo que Arraes tinha pressa daquela documentação, papai leu, um a um, cada um dos papeis que deveria assinar e, ao deparar com a nomeação da mamãe, virou uma fera, entrou na sala de Arraes e ali na frente de todos, rasgou a nomeação de mamãe...

CALEIDOSCÓPIO DE SAUDADE

Zodja Pereira (11/08/2013) Dia dos Pais!

 

Ali você,segurando minha mão

e todo medo indo embora!

Aqui eu

Fascinada ouvindo suas histórias!

Daquele lado você,

No palco, artista versátil,

Do ator ao mágico,

Brotando na minha alma

O sonho de ser artista!

Nesse ponto aqui,

A coragem do anti-herói,

sempre leal, ético, meu orgulho!

Veja aqui, aquela tarde

Onde o amigo estava presente,

Ouvindo silente, meu crescimento!

Olha ele ali, agora,

Querendo chegar em segurança,

beijar o neto, matar a saudade!

Por fim, o vazio!

Roubaram VOCÊ, meu pai!

Só deixaram as várias faces da saudade!

Em 3 de outubro de 1946  Hiram de Lima Pereira, sob a sigla do  PTN, foi eleito deputado estadual do Rio Grande do Norte, sendo o mais votado(590) no estado, naquela eleição, dos comunistas foi o segundo mais votado do Brasil só perdendo para Gregório Bezerra em Pernambuco. Logo depois das eleições o Partido Comunista Brasileiro foi cassado e todos os seus militantes considerados inimigos públicos e, a partir de então, eram caçados,  presos  e torturados...

filhas

Zodja Pereira e a turma do Pica pau Amarelo

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