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Mensagens, depoimentos, lembranças

No final de 1956, papai soube que o governo da Tchecoslováquia iria fazer uma grande festa comemorando a reconstrução  da cidade de Lídice  e estava fazendo uma pesquisa no mundo inteiro buscando encontrar a primeira criança que recebera o nome de Lídice,  após a destruição da cidade que faria 15 anos em 1957. Papai mandou a documentação de Sacha...  Entre tantas crianças, Sacha foi reconhecida como a primeira Lídice do mundo na ocasião do incidente. O governo tcheco mandou uma carta  convidando Sacha para festejar seus 15 anos durante a grande festa da reconstrução de Lídice, onde também seria homenageada... Lamentavelmente essa carta ficou esquecida, por um ano, no bolso do paletó do companheiro de papai que recebera como tarefa informar a família... Sacha perdeu a viagem, mas recebeu um lindo conjunto de ouro com rubis, que fazia parte da homenagem da cidade de Lídice à primeira criança chamada Lídice em todo mundo pós-guerra.  (por Zodja Pereira)

A clandestinidade era uma situação curiosa. Apesar do medo da repressão maus pais tinham uma vida aparentemente tranqüila.  Mudaram para o bairro da Casa Verde e assim nós podíamos vê-los com freqüência.

A família se reunia aos domingos, almoçávamos, lanchávamos, as crianças se divertiam com os primos e a tia caçula e naqueles momentos, por incrível que pareça,  esquecíamos a ditadura... Havia aos domingos, em meio ao medo que nos habituáramos, um hiato de paz.

Mesmo voltando a TV jamais perdi contato com minha família, eles eram o meu alimento espiritual. Meu filho Hiram era muito agarrado aos avós maternos.  (por Zodja Pereira)

Hiram era muito ligado às filhas. Para se ter uma idéia, quando Sacha e eu casamos, dois dias depois de nós nos casarmos, em plena lua de mel, ele foi passar uns dias com a gente [risos]

Um enorme contrassenso né. Mas foi. Porque queria estar junto da gente e a filha queria que ele estivesse por perto.

Não ia ser eu que ia ficar contra, né. Pronto, os dois queriam e curtiram muito. 

(Nathanias von Shosten em depoimento no documentário Lua Nova do Penar)

Célia
Quando você voltar a desejar a vida, por já não ser a vida tão pesada...
E os dias que vivermos, não forem tão cheios de incertezas e apreensões...
Quando, embora de cabelos brancos, já tivermos concluído essa tarefa de educar nossos filhos e de já termos netos que gozarão a vida pela qual lutamos e sofremos.
Quando a vida deixar de ser um fardo, para mim, para nós, para os filhos, para a HUMANIDADE!...
Então, as melodias que este livro encerra encherão de alegria as nossas horas de saudade e de recordações.
                                      

Hiram
       Natal,  1/6/1948

Dedicatória em uma coletânea de partituras que Hiram deu para a Célia, em 01/06/1948, aniversário de Célia:
 

Hiram era um cara espetacular sob todos os pontos de vista. Um cara muito alegre, muito culto, um autodidata. Ele não tinha estudo. Era um cara muito fácil de você lidar com ele. Isso tudo corria paralelo a uma pessoa muito firme nas suas posições, fosse elas ideológicas, profissionais, domésticas. Ele era muito claro as coisas. Não tinha mistério em Hiram. A convivência dele doméstica era essa mesma. Aberto com a mulher, com as filhas.

(Ardigam Ferreira, ex-marido de Nadja, em depoimento ao documentário Lua Nova do Penar)

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